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Por que nem sempre um óleo puro é a melhor opção para sua pele?


Imagem: Shutterstock

Calma caro leitor! Antes que você pense que nós estamos compactuando com a utilização de ingredientes ricos em impurezas e compostos prejudiciais à nossa saúde, deixe-nos explicar o que queremos dizer com a palavra ‘puro’ nesse contexto. Puro, a que nos referimos neste artigo, significa isolado, sozinho, apenas um.

O que queremos dizer é que utilizar apenas 1 único óleo natural em sua pele, ou seja, não misturado a nenhum outro óleo ou ingrediente, na maioria das vezes não é a melhor opção para sua pele e nós vamos te explicar o porquê. Segue com a gente!

Nota importante sobre a Pureza

Antes de mais nada, vamos esclarecer: PUREZA é um fator extremamente importante no que tange a presença de subcompostos nocivos que possam causar algum dano à nossa saúde. Portanto, escolher ingredientes de qualidade e que sejam livres de impurezas é imperativo e faz diferença, sim, no resultado final de um produto! Estudo e rigor são ferramentas obrigatórias de quem está buscando uma pele mais bonita.

Prossigamos!

COMO NOSSO CORPO FUNCIONA

Ao longo de diversos artigos em nosso blog, nós já explicamos bastante sobre como, basicamente, nossa pele funciona e quais são os requisitos necessários para atingirmos resultados importantes nos cuidados com ela.

Assim como a alimentação de nosso corpo deve ser bastante variada na ingestão dos mais diversos elementos, nossa pele, que também é considerada um órgão - o maior de todos eles, por sinal - é nutrida da mesma maneira.

O corpo humano é um organismo bastante complexo e necessita de muitos compostos para se manter saudável. Inúmeras vitaminas, minerais, aminoácidos, gorduras, etc, são necessários para que o corpo humano funcione corretamente e com harmonia.

Cada elemento desses é responsável por alguma ação: alguns se ligam à enzimas responsáveis por auxiliar as reações químicas do organismo, outros se conectam a hormônios, que regulam o funcionamento dos órgãos, outros ainda são encarregados da formação de proteínas, moléculas que formam a base de praticamente toda a nossa constituição física, como os músculos, pele, vasos sanguíneos, cartilagem, etc, e por aí vai.

Acontece que na falta desses elementos, as funções de nosso corpo são inviabilizadas e o bom funcionamento orgânico começa a falhar, culminando, invariavelmente, no surgimento de doenças e limitações físicas e/ou fisiológicas.

Portanto, perceba o quão rica deve ser a utilização/ ingestão de nutrientes. Qualquer médico ou nutricionista vai sempre lhe orientar que consuma a maior variedade possível de alimentos, prova disso é o incansável, porém absolutamente correto, conselho: “seu prato deve ser o mais colorido possível!" E você sabe o por quê? Porque cada cor presente nos alimentos é resultado da presença de uma vitamina ou mineral específico, muitos dos quais o nosso corpo não produz, mas que são essenciais à nossa saúde, sendo portanto, vital a ingestão dos mesmos através de elementos externos (alimentação ou fármacos) para a manutenção de nossa sobrevivência.

E O QUE A PUREZA DO ÓLEO TEM A VER COM NOSSO FUNCIONAMENTO ORGÂNICO?

Agora que você já entendeu que nosso corpo precisa de muitos nutrientes, fica fácil compreender que, para que eles sejam obtidos, é essencial ingerir ou utilizar muitos tipos de alimentos e/ou ingredientes, já que não existe nenhum que contenha TODOS os elementos dos quais nosso organismo necessita.

Então, aplicando esse conhecimento à beleza, você já pode imaginar que utilizar somente óleos isolados não é tão vantajoso assim, pois eles não são capazes, sozinhos, de prover à pele todos os nutrientes de que ela precisa para estar saudável e funcionar corretamente.

Claro, utilizar um óleo isolado de qualidade ou orgânico é sempre muito melhor do que não cuidar da pele ou cuidar com produtos ruins, mas o ideal é que não se dependa de apenas um ingrediente que, por mais complexo que seja, caso dos óleos naturais vegetais, ainda assim não entregam tudo o que precisamos, já que, como já sabemos, a pele também é organismo de funcionamento multifatorial.

COMO SERIA O CUIDADO IDEAL, ENTÃO?

Em condições normais, o stress diário pelo qual a nossa pele passa implica, basicamente, em:

  • Desidratação

  • Oxidação

  • Inflamação

  • Infecções

  • Degeneração (envelhecimento)

  • Exposição a raios UVs e poluição, etc.

Portanto, para cobrir todas essas necessidades da pele, é muito importante que tenhamos produtos com misturas e combinações um pouco mais complexas de ingredientes, já que só assim é possível fornecer os mais variados nutrientes.

Sendo assim, o ideal é procurar por produtos que contenham variados ingredientes ativos, como vitaminas, extratos naturais, aminoácidos, filtros, ácidos, óleos e manteigas vegetais, entre outros, cada qual com sua função específica para combater os problemas da pele em todas as suas frentes. Assim devem ser os produtos de uso diário básico, salvo casos específicos de afecções cutâneas mais graves, que requerem intervenções terapêuticas ou medicamentosas, cujos princípios ativos, muitas vezes, não conseguem estar presentes em uma formulação tão complexa devido à restrições de interações químicas com outros ingredientes.

É importante destacar, porém, que devido a essa grande variedade de fatores, fica difícil suprir todas as necessidades da pele com o uso de apenas 1 produto, haja vista a incompatibilidade de muitos ingredientes entre si para compor uma fórmula. Ainda assim, atualmente, a ciência trabalha incansavelmente para superar essas limitações e vêm lançando cada vez mais produtos inovadores, eficazes e completos. O ideal é não depender de apenas 1 ingrediente e acreditar que ele sozinho fará milagres pela nossa pele.

UM ÓLEO 100% CONCENTRADO É REALMENTE MELHOR?

Além desses fatores, também tendemos a pensar, especialmente com relação aos óleos vegetais naturais, que quanto mais concentrado melhor, mas nem sempre é assim que funciona.

Concentração, assim como a pureza, é sim um fator primordial, mas deve ser utilizada com equilíbrio, de acordo com a natureza de cada substância e o benefício prometido. Concentrações muito baixas, em geral, podem não fazer o efeito desejado, mas o extremo oposto também pode ser prejudicial, pois produtos puros, 100% concentrados, normalmente, excedem as necessidades da pele, fazendo que que as sobras desses materiais, que não foram absorvidas, utilizadas ou metabolizadas, permaneçam na superfície da epiderme, sendo degradadas, oxidadas e causando oclusões, piorando as condições cutâneas e chegando até mesmo a causar irritações e sensibilizações.

Ainda no caso específico dos óleos vegetais naturais, o excesso de oleosidade pode causar entupimento de poros, liberação de radicais livres pela reação de oxidação dos ácidos graxos com a exposição solar, sensorial incômodo e aspecto excessivamente brilhoso. A nutrição fornecida pelos óleos vegetais é incrível e de suma importância para a nossa pele, mas há que se ter equilíbrio em seu uso!

Quando você aplica aquele óleo legal, mas sente que não foi muito bem absorvido, que ficou na superfície durante um longo tempo, é porque provavelmente sua pele não precisava daquele tanto de gordura naquele momento, estava sobrando. Claro que com o passar do tempo, aos poucos, a pele vai absorvendo, conforme sua necessidade de nutrientes, mas até que isso aconteça, aquele excesso que pode levar horas para sua pele precisar, já foi degradado e ficou lá prejudicando sua saúde.

Cada tipo de pele se beneficia de uma determinada concentração de lipídios, até mesmo as oleosas, mas apenas uma pele extremamente seca e com a barreira severamente danificada precisará de um óleo 100% concentrado. É preferível entregar a quantidade que a pele precisa em repetidas vezes, caso seja necessário, do que aplicar sobre ela um excesso.

Além disso, qualquer óleo vegetal natural puro, por mais leve que seja, sempre terá uma viscosidade que não permitirá um fácil espalhamento, fazendo com que a aplicação do produto não se distribua pela pele de maneira uniforme e, para resolver esse problema, o que acabamos fazendo é, ou colocar ainda mais produto para cobrir todas as áreas, ou esfregar a pele com mais intensidade para conseguir espalhar o produto, não sendo benéfica nenhuma das duas soluções.

O QUE APRENDEMOS COM TUDO ISSO

O que queremos dizer com tudo isso é que o importante é utilizar produtos formulados com inteligência e equilíbrio. Óleos puros são muito bons, sim, mas não significa que só porque eles são 100% concentrados, puros e naturais, que eles sejam melhores e mais seguros do que qualquer outro produto cosmético, isso é mito! As combinações e misturas serão sempre mais completas do que os ingredientes isolados. Blends de óleos, hidratantes, séruns, loções, cremes, etc, quando bem formulados, são produtos ainda mais eficazes do que um óleo isolado.

O que devemos fazer é sempre estudar os produtos, analisar a qualidade, testar de maneira imparcial e observar qual apresenta os melhores resultados na pele. Não existem regras no mundo dos cuidados com a beleza, nosso corpo é um mundo diferente em cada indivíduo.

Permita-se experimentar sem preconceitos!

 

Referências:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6418262/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31589175

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/ijd.13726

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jocd.12245


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