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Conservantes Cosméticos | Qual o melhor: Natural x Sintético?


No post anterior nós já falamos sobre a função e importância dos conservantes em um produto cosmético e nesse novo artigo queremos estender um pouco mais o assunto e abordar as diferenças existentes entre a performance e a segurança desses ingredientes nas versões sintética e natural.

Sabemos o quanto nossos leitores estão buscando essas informações, tendo em vista a forte tendência de naturalização que estamos vivendo, bem como a crescente preocupação com a própria saúde e o medo do contato com as substância químicas tóxicas.

Vem com a gente que nós vamos te explicar tudo, mas antes é necessário entendermos:

QUAIS SÃO OS REQUISITOS FUNDAMENTAIS PARA UM BOM CONSERVANTE

O principal requisito de um bom conservante é ter potente ação antimicrobiana contra diversos tipos de fungos e bactérias, que é o que chamamos de ação de amplo espectro. Com isso, esses compostos são capazes de prevenir a degradação dos produtos cosméticos ocasionadas pelos microrganismos, preservando-os em boas condições para uso durante um longo tempo.

Além disso, os seguintes fatores também são essenciais:

1. Baixa toxicidade à nossa saúde, com riscos mínimos de causar irritações e alergias; 2. Ação antimicrobiana duradoura, já que demoramos tempo considerável para utilizar um produto por completo. 3. Boa estabilidade química, devendo resistir a alterações significativas de temperatura, umidade e incidência de luz, ou seja, as condições normais de uso de um cosmético normal, já que uma grande parte desses produtos fica armazenada em nossos banheiros, sofrendo com a alta temperatura e umidade dos vapores do banho, bem como a elevada incidência de luz solar que entra pela janela. Vai dizer que você não deixa seus cremes de rosto, shampoo, condicionadores, desodorantes e perfumes nessa situação? 4. Devem ser compatíveis com os demais componentes das fórmulas para que não tenham seu efeito anulado. 5. Devem ser versáteis, sendo capazes de efetuar sua ação antimicrobiana nos mais diversos meios e tipos de produtos, sejam eles, predominantemente aquosos, sólidos ou oleosos.

Com isso em mente, aí vem a pergunta que não quer calar:

ENTÃO QUAIS SÃO MELHORES, OS NATURAIS OU OS SINTÉTICOS?

Conservantes Sintéticos

Imagem: shutterstock

Atualmente a grande maioria dos produtos cosméticos e de higiene pessoal disponível no mercado possuem conservantes químicos sintéticos, desenvolvidos sob medida para atenderem justamente todos esses requisitos que listamos acima. Contudo, ainda assim, normalmente uma substância sozinha não é capaz de proteger um produto contra essa grande variedade de microrganismos e por isso, geralmente é utilizada uma combinação de dois ou mais conservantes para garantir a segurança de uma formulação.

Embora sejam bastante efetivos, sabemos hoje, que os conservantes químicos costumam ser um dos principais ingredientes causadores de toxicidades, sensibilizações e alergias, como é o caso dos formaldeídos e seus liberadores (quaternium-15, imidazolidinyl urea, diazolidinyl urea, dimethyloldimethyl hydantoin - DMDM hydantoin and bronopol); as isotiazolinonas, os parabenos, etc. No entanto, existem disponíveis no mercado opções mais suave e que em baixas concentrações e dentro de uma fórmula bem equilibrada e desenvolvida, não causam danos a saúde.

Dessa forma, será que as alternativas naturais conseguem atender as necessidades e substituir completamente as versões sintéticas?

Conservantes Naturais

Imagem: shutterstock

Dentre as alternativas naturais destacam-se os óleos essenciais, substâncias altamente concentradas extraídas de ervas, flores e plantas e alguns extratos naturais, como o de alecrim e própolis.

Alguns estudos têm demonstrado que, especialmente, a utilização de óleos essenciais em produtos cosméticos tem, sim, se mostrado eficaz em sua ação preservante. Contudo, vamos analisar se esses ingredientes de fato atendem aos tópicos elencados acima:

"1. Toxicidade: diferente do que a maioria das pessoas pensa, os ingredientes naturais não são 100% seguros, muito pelo contrário! Justamente devido à complexa composição química dos vegetais, muitos oferecem os mesmo riscos e até maiores, em relação à uma substância química sintética, caso do álcool benzílico, considerado uma opção natural, mas que tem potencial mais tóxico do que o phenoxyethanol, um dos conservantes mais suaves de origem sintética. Muitos óleos essenciais podem ser causadores de severos casos de irritações e alergias, além de, assim como muitas outras substância químicas, também possuírem componentes capazes de interferir em nossas atividades hormonais, conhecidos como disruptores endócrinos, como por exemplo, uma substância chamada benzoato de benzila, comumente encontrada nos óleos essenciais de canela, ylang-ylang, pau-rosa, bálsamo do peru, etc."

2. Ação Antimicrobiana: de fato inúmeros óleos essenciais e alguns extratos vegetais possuem boa, porém específica (não de amplo espectro) atividade antimicrobiana, sendo necessária a utilização de uma mistura de vários compostos, elevando a sua concentração na formulação, o que aumenta ainda mais os riscos de toxicidades, alergias e irritações. 3. Estabilidade Química: esse quesito, infelizmente, muitos não conseguem atender, já que justamente devido a sua natureza orgânica, tendem a degradar mais rapidamente e, por consequência, também acabam tendo a duração de sua ação conservante, reduzida. Além disso, os subcompostos oriundos da oxidação e degradação desses ingredientes naturais pode elevar ainda mais seu potencial tóxico e irritante à pele humana.

4. Compatibilidade: existem algumas substâncias presentes nas fórmulas de produtos cosméticos que são capazes de anular a ação conservante dos óleos essenciais, como por exemplo, alguns tipos de detergentes presentes em formulações de sabonetes líquidos.

5. Versatilidade: talvez esse seja um dos pontos mais complicados do uso de ingredientes naturais como agentes conservantes, devido as seguintes características:

  • Compostos naturais, como óleos essenciais e extratos vegetais, normalmente possuem cheiro bastante forte e pungente, caso da melaleuca, canela, orégano, cravo e própolis tornando desagradável o uso do cosmético.

  • Grande parte dos óleos essenciais possui baixa solubilidade, o que reduz seu poder bactericida/ fungicida, sendo necessário, nesse caso, fazer uso de agentes químicos solubilizantes para melhorar seu desempenho.

  • A composição química dos ingredientes naturais é muito suscetível a mudanças climáticas, de estação, condição do solo e colheita, sendo muito difícil manter um padrão de sua ação conservante.

O QUE PODEMOS CONCLUIR COM TUDO ISSO?

Depois de analisar todas as vantagens e desvantagens dos dois tipos de conservantes, os estudos apontam que o método mais efetivo é a combinação sinérgica dos dois tipos: o natural, representado pelo óleos essenciais e extratos vegetais, com os sintéticos. Dessa maneira é possível reduzir a concentração de ambos, empregando apenas uma pequena quantidade e ter um ótimo espectro de ação contra uma ampla variedade de microrganismos, minimizando dessa maneira, os efeitos irritante e alergênicos dessas substâncias.

Por essas rezões acreditamos que o que deve ser feito não é a exclusão de um ou do outro, mas o uso sábio e estudado de cada ingrediente. Benefícios e malefícios são inerentes a todas as substâncias do planeta, até água, se ingerida em excesso, pode se tornar tóxica ao nosso organismo. Portanto, o segredo é saber equacionar essas duas variáveis.

Equilíbrio é e sempre será a chave da prosperidade.

 

REFERÊNCIAS

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3626961/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19508298

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4586554/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25704726

BASER KH., BUCHBAUER G. Handbook of Essential Oils: Science, Technology and Applications. Florida USA, CRC Press, 2010

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