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Óleo de Coco: O GUIA CIENTÍFICO DEFINITIVO para Cabelos e Pele


Famoso e onipresente, o óleo de coco está na moda e em todos os lugares: nos alimentos, na bebida, na pele e nos cabelos. Mocinho ou vilão, os estudiosos ainda não entraram em um acordo, já que o ingrediente em questão possui vantagens e desvantagens, e, só agora, há pouco tempo, é que tem ganhando destaque e consequentemente, vem sendo estudado com mais profundidade.

Como nós somos um blog de beleza, no post de hoje, nós vamos, então, falar mais detalhadamente sobre as propriedades do óleo de coco e seus efeitos nos cabelos e na pele, sob um viés mais científico, em contraposição ao restante da literatura que se encontra hoje na internet, que dá prevalência a um aspecto mais superficial do tema.

Entendendo um Pouco Mais Sobre sua Química

O óleo de coco é extraído do núcleo ou polpa do fruto maduro oriundo do coqueiro (Cocos Nucifera) e trata-se de uma mistura lipídica complexa composta, majoritariamente, por ácidos graxos e triglicerídeos. Uma das principais características desse óleo, que o torna tão especial, é a sua composição química, com elevada concentração de ácidos graxos saturados de cadeia média (entre 50 a 60%), que são: ácido láurico, ácido cáprico e ácido caprílico.

O que são ácidos graxos?

Ácidos graxos são hidrocarbonetos (compostos orgânicos) predominantemente polares que possuem, em sua estrutura molecular, um grupamento químico chamado ácido carboxílico (OOH).

Tais ácidos, devido a esses mesmos atributos químicos descritos acima, possuem características hidrofóbicas (repelem a água) e são, portanto, classificados como lipídeos.

Qual a diferença entre Saturado e Instaurado?

Os ácidos graxos podem ter em sua estrutura molecular, ligações simples (conhecidas como saturadas) ou ligações duplas (conhecidas como insaturadas).

  • Ligação Saturada: contém um número suficiente de átomos de hidrogênio capazes de saturar todos os átomos de carbono, possuindo por isso, apenas ligações simples entre os mesmos.

Ex.: ácidos láurico, cáprico, capílico, miristico, palmítico e esteárico.

Figura 1: Exemplificação de uma ligação saturada entre átomos de carbono. Acima: fórmula estrutural; abaixo: fórmula molecular com representação dos elétrons.

  • Ligação Insaturada: não contém átomos de hidrogênio em quantidade suficiente para saturar todos os átomos de carbono que, portanto, formam ligação duplas entre si.

Ex.: ácido oleico, linoleico, linolênico e palmitoleico.

Figura 2: Exemplificação de uma ligação insaturada entre átomos de carbono. Acima: fórmula estrutural; abaixo: fórmula molecular com representação dos elétrons.

Quais os tamanhos de suas cadeias e sua importância?

  1. Cadeia Curta: possuem em sua estrutura molecular um número de até 6 átomos de carbono.

  2. Cadeia Média: possuem em sua estrutura molecular de 8 a 14 átomos de carbono

  3. Cadeia Longa: moléculas com até 14 carbonos

  4. Cadeia Muito Longa: moléculas que possuem mais de 22 carbonos.

Cadeias curtas e médias possuem tamanhos reduzidos de moléculas e por isso penetram na pele de maneira mais efetiva do que as estruturas longas ou muito longas. A presença de ligações insaturadas também torna a permeação ainda mais difícil, uma vez que causam uma angulação no formato da molécula.

Agora que você já entendeu o que são os ácidos graxos e suas características bioquímicas, vamos visualizar alguns exemplos presentes nos óleos vegetais.

  • Ácido Láurico: C12H24O2 – Molécula de tamanho relativamente pequeno e conformação linear: boa penetração em pele e cabelos. Presente em grande quantidade no Óleo de Coco.

Figura 3: fórmula estrutural do ácido láurico.

  • Ácido Linoleico: C18H32O2 – Molécula de tamanho grande e conformação angular: difícil penetração em pele e cabelos. Presente em grande quantidade no Óleo de Girassol.

Figura 4: fórmula estrutural do ácido linoleico.

Fontes: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov

Mecanismo de Ação nos Cabelos

Introdução às Estruturas do Fio de Cabelo Humano

Pra compreendermos melhor como o óleo de coco interage com os cabelos, precisamos, antes de tudo, entender e visualizar como é a estrutura dos fios.

Um fio de cabelo humano é basicamente constituído por quatro unidade ou estruturas, conforme figura 5:

  1. Cutícula: parte mais externa do fio composta principalmente por queratina em forma de escamas e dispostas de maneira sobrepostas umas às outras (como as escamas de um peixe) de modo a envolver todo o córtex.

  2. Córtex: parte interna adjacente às escamas, também é formado majoritariamente por células cilíndricas proteicas, dispostas de forma longitudinal e densamente unidas. É onde se encontra a maior parte da massa proteica da fibra.

  3. Medula: região porosa localizada próxima ao centro da fibra capilar e presente em alguns tipos de cabelos com diâmetros mais espessos.

  4. Cemento Intercelular: substância de característica lipídica que mantém a coesão entre as células de queratina, formando um caminho de difusão dentro das fibras.

Figura 5 - Camadas de um fio de cabelo

Fonte: https://www.nature.com/articles/srep17347.

Como o óleo de coco interage com as estruturas do cabelo?

Estudos mostram que esses ácidos graxos saturados de cadeia média (láurico, cáprico e caprílico), presentes no óleo de coco, devido ao seu tamanho menor e conformação linear das moléculas, conseguem penetrar de modo mais eficaz a cutícula e o córtex dos cabelos, difundindo-se através do cemento intercelular, evitando que água penetre na fibra, causando seu inchaço e posterior ruptura. Dessa forma, a perda proteica dos fios é consideravelmente reduzida, tanto em cabelos saudáveis, quanto nos descoloridos e quimicamente tratados. Além disso, seu efeito lubrificante reduz o atrito causado durante o processo de escovação ou pentear dos cabelos, diminuindo a tensão e a consequente quebra dos fios.

"(...) o Óleo de Coco é, de fato, um ingrediente muito importante e realmente

efetivo na manutenção e melhora do aspecto e saúde dos cabelos, devendo,

inclusive, ser incorporado como mais uma etapa essencial de um

cronograma capilar completo e verdadeiramente funcional."

Outros óleos vegetais, bem como óleo mineral foram estudados para efeito comparativo, e, por não possuírem o mesmo perfil lipídico com alta concentração de ácidos graxos saturados de cadeia média e, por isso, deterem outra conformação molecular, obtiveram resultados inferiores aos apresentados pelo óleo de coco, com relação, especialmente, à penetração e prevenção de danos aos fios.

Esses estudos observaram melhoras no aspecto dos fios, tanto quando aplicado como condicionante pré-lavagem, como quando usado como reparador pós-lavagem, obtendo, entretanto, desempenho superior no primeiro caso.

Além dos benefícios doados diretamente aos fios, o óleo de coco, devido sua alta concentração de ácidos graxos saturados de cadeia média, também apresenta efeitos bastante positivos no couro cabeludo, pois penetra facilmente pelo bulbo capilar, estimulando o crescimento dos fios e atenuando a queda, já que inibe a ação da enzima 5-alpha-redutase. Essa enzima metaboliza o hormônio masculino testosterona em um subproduto chamado dihidroxitestosterona (DHT), o qual é responsável pelo desprendimento do fio de cabelo do interior do folículo capilar. Tal fato também justifica a maior prevalência de calvície em indivíduos do sexo masculino, além do já existente fator genético.

Ainda, decorrente da elevada concentração de ácido láurico, que é posteriormente convertido por nosso corpo em monolaurina, o óleo de coco tem demonstrado boa atividade parasitária no combate a infestação de piolhos e lêndeas, bem como sua atividade antifúngica auxilia no controle de dermatoses como a caspa.

Levando em consideração todas essas informações e pelo fato de ser um ingrediente de baixo-custo e fácil aplicação, é possível concluirmos que o óleo de coco é, de fato, um ingrediente muito importante e realmente efetivo na manutenção e melhora do aspecto e saúde dos cabelos, devendo, inclusive, ser incorporado como mais uma etapa essencial de um cronograma capilar completo e verdadeiramente funcional.

Mecanismo de Ação na Pele

Introdução às Estruturas da Pele Humana

A pele humana é um órgão que reveste nosso organismo, interage e protege-o do meio externo. Considerado o maior órgão do corpo humano, sua principal função é proteção contra a desidratação e a entrada de microrganismos patogênicos em nosso organismo. Sendo um elemento de tão grande importância em nosso corpo, vamos, primeiramente, explicar brevemente sua estrutura básica e funcionamento, para percebermos como se dá a interação entre o óleo de coco e esse órgão.

"(...) esse óleo é uma ótima opção de cuidado com a pele, especialmente do corpo, uma vez que melhora seus níveis de hidratação, auxilia

a renovação dos tecidos e atua na manutenção de um equilíbrio

saudável de suas funções."

A pele é composta, basicamente por três principais camadas, conforme figura 6:

  1. Epiderme: camada mais externa, formada por um epitélio estratificado escamoso, composto principalmente por lipídeos e células altamente queratinizadas, chamadas queratinócitos. É responsável, especialmente, pela prevenção da perda de água subcutânea.

  2. Derme: camada intermediária, localizada logo abaixo da epiderme e basicamente constituída por tecido conjuntivo, na qual são abrigados vasos sanguíneos, nervos e anexos epidérmicos. É nessa camada onde são encontrados os fibroblastos, células responsáveis pela produção de colágeno e elastina. Tem como funções principais a regulação da temperatura corporal e a transmissão de sensações tateis.

  3. Hipoderme (Tecido Subcutâneo): é a camada mais profunda da pele, a qual é basicamente composta por células de gordura, conhecidas como adipócitos. Suas principais funções são: reserva calórica, proteção mecânica contra choques (traumas) e isolamento térmico.

Figura 6 - Camadas principais da pele.

Fonte: https://www.aad.org/public/kids/skin/the-layers-of-your-skin

Como o Óleo de Coco atua na Pele

Estudos recentes têm demonstrado que a aplicação tópica do óleo de coco, melhora os níveis de hidratação cutânea, por reduzir a perda de água transepidermal (TEWL) através da formação de uma barreira lipídica protetora sobre a epiderme que retém a água dentro da pele. Além disso, devido à elevada concentração de ácido láurico (em torno de 50%) e seu pequeno tamanho molecular, esse óleo consegue permear a barreira cutânea de maneira mais efetiva, alcançando camadas mais profundas da pele e vem sendo considerado, por isso, um óleo eficaz na melhora da cicatrização, por estimular os fibroblastos à fabricação de novas fibras de colágeno.

Ainda, devido à grande presença de ácido láurico, o qual é precursor da substância monolaurina, o óleo de coco apresenta atividade antibacteriana, antiviral e antifúngica, se utilizado em concentrações de 5% a 40%, o que pode ser muito benéfico na manutenção de um equilíbrio saudável da microbiota cutânea, reduzindo os riscos de infestações fúngicas como as micoses.

Observação Importante: justamente devido ao tamanho pequeno das moléculas dos ácidos graxos saturados, o óleo de coco é considerado levemente comedogênico, podendo causar entupimento dos poros. Embora possa apresentar alguma ação antibacteriana contra os microorganismos causadores da acne, é um óleo que deve ser utilizado com cautela por pessoas com tendência a desenvolvimento de espinhas e comedões (cravos), evitando, principalmente a aplicação no rosto, região naturalmente predisposta ao surgimento desses problemas.

Dessa forma, o óleo de coco também se consagra como uma ótima opção de cuidado com a pele, especialmente do corpo, uma vez que melhora seus níveis de hidratação, auxilia a renovação dos tecidos e atua na manutenção de um equilíbrio saudável de suas funções.

 

Como a Amvï utiliza o Óleo de Coco em seus Produtos

Pensando em todos esses benefícios, a Amvï desenvolveu o Óleo Seco Multifuncional Monoï . Com toque extra-leve, pode ser aplicado nos cabelos e na pele sem pesar. Devido à presença dos óleos de coco e monoï (infusão da flor de tiaré em óleo de coco), em sinergia com outros óleos vegetais ricos em ácidos graxos poli-insaturados de ação antioxidante e nutritiva, como oliva, amêndoas, gérmen de trigo e macadâmia, consegue entregar os seguintes benefícios:

Nos Cabelos:

  1. Redução de Frizz

  2. Controle do Volume

  3. Brilho Intenso

  4. Aumento da Hidratação

  5. Nutrição Reparadora

  6. Maleabilidade

  7. Efeito Desembaraçante

  8. Toque Macio e Sedoso

Sugestão de aplicação: 1- Puro, direto nos fios secos, como pré-shampoo; 2-Adicionado à máscara de hidratação para potencializar seu efeito; 3- Como reparador de pontas secas e danificadas, nos cabelos já limpos e secos.

Na Pele:

  1. Aumento da hidratação

  2. Efeito Regenerador

  3. Reparo e suavização dos danos solares

  4. Manutenção do equilíbrio cutâneo

  5. Prevenção dos sinais de envelhecimento

  6. Pele lisa e com brilho saudável

  7. Toque seco e não pegajoso

Sugestão de aplicação: 1- Borrifar puro, direto na pele seca, para um aspecto luminoso e jovial; 2-Adicionado à loção hidratante para uma reparação profunda; 3- Sobre as unhas e cutículas para regenerar e reduzir o aspecto esbranquiçado da pele desidratada. Suas unhas ficam como novas!

 

Referências:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20465674

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12715094

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https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/379#section=2D-Structure

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https://www.aad.org/public/kids/skin/the-layers-of-your-skin

https://www.nature.com/articles/srep17347

AZULAY R. D.; AZULAY D. R.. Dermatologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

BAREL, A. O; MARC, P; HOWARD, I. M. Handbook of Cosmetic Science and Technology. 3 ed. Nova York: Informa Healthcare, 2009. 887p.

FITZPATRICK E. J.; AELING L. J. Segredos em Dermatologia: Respostas necessárias ao dia-a-dia: em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. São Paul: Artmed, 2000

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